sábado, 26 de abril de 2008

Debate sobre dengue: Côrtes anuncia medidas para combater a pior epidemia da doença no país

O Globo Online
Simone Intrator

Sérgio Cortês, Secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, anunciou novas estratégias de combate a “dengue” – doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti: mobilizar bombeiros para aplicar ‘fumacês” portáteis; distribuir três milhões de revistas em quadrinhos para as escolas; obrigar que as empreiteiras das obras do PAC a não deixar lixo nas áreas; destruir o Parque das Águas que está abandonado no Recreio; agilizar a contagem dos óbitos por dengue. Também estão nos planos: incentivar a população a combater o mosquito, premiando, por exemplo, a rua da cidade com menos focos. Cortês reconheceu que a dengue não é um problema só da saúde, mas admite que a população é vítima.
Marcos Roig, pai de Rodrigo, de 6 anos, que morreu há pouco mais de um mês de dengue, falou que seu filho foi atendido numa clínica particular e foi vítima de negligência médica e que sua morte não entrou para as estatísticas. Indicou as Unidades de Pronto Atendimento para uma mãe com um bebê de 5 meses, que foi a de Irajá e ficou 14 horas em pé na fila sem receber atendimento. O secretário se diz supreso e justifica o fato à sobrecarga da referida UPA e fez um apelo à população:

- Sejam diagnosticados! Não saiam da fila!
Roberto Medronho - epidemiologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Saúde Pública ressaltou que é preciso mudar o enfoque: não adianta responsabilizar a população - ela é vítima - ninguém cria mosquito da dengue porque quer - disse o epidemiologista, que recomendou à população procurar primeiramente a rede pública para atendimento, onde os médicos estão mais bem preparados.

ANÁLISE CRÍTICA
Onde está a responsabilidade para com a sociedade por parte da administração pública. Num estado que cortou 49% das verbas destinadas ao combate de endemias e uma prefeitura que nega a existência de uma epidemia, é no mínimo estranho a criação de uma “Comissão de Óbitos”. Já é de conhecimento de todos que a atual epidemia é quase três vezes mais mortal que a de 2002. Onde estão aqueles que constantemente aplicavam “fumacê”, davam assistência preventiva e orientavam no combate ao “aedes”? “Fumacês”, revistas educativas, tendas de hidratação e atendimento - ainda que tardios - é melhor do que nada. Reconhecer que a população é vítima - o óbvio; premiar a rua com menos foco - contradição. Com tantos casos de mortes e agravamento da doença, seria utopia esperar dos médicos um diagnóstico correto e rápido. Acredito que o Dr. Medronho esteja um tanto desinformado quanto ao atendimento da população doente em hospitais públicos. Sabemos que o menino Rodrigo foi vítima dessa “incapacitação” em uma clínica particular, mas minha amiga Geralda teve três diagnósticos de virose, antes que fosse “salva” por urinar sangue - durante seu quarto atendimento - em um mesmo hospital público. Não havia mais como errar. Diagnóstico: DENGUE HEMORRÁGICA.

FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/04/08/debate_sobre_dengue_cortes_anuncia_medidas_para_combater_pior_epidemia_da_doenca_no_pais-426735680.asp

sábado, 12 de abril de 2008

Contra repercussão negativa, empresas adotam patrocínio social

Folhapress - Pequim (China)
Raul Juste Lopes

Raul Juste LopesDa FolhapressEm Pequim (China)
Gigantes como a Coca-cola, GE, Lenovo, McDonald´s, Microsoft, Visa, Adidas, Kodak, entre outros, gastaram milhões para patrocinarem a viagem ao mundo da tocha olímpica e os Jogos da Olimpíada em Pequim. Pressionados por ativistas pró-direitos humanos, patrocinadores - depois do “desastre” da volta ao mundo da tocha olímpica - tentam equilibrar a má propaganda que rodeia o evento com investimentos sociais. A Coca-cola anunciou que investirá na reconstrução das áreas destruídas no Sudão, além de liberar verbas para a Cruz Vermelha ajudar os refugiados de Darfur. A GE fez doações a instituições como a UNICEF e Care. Publicitários informaram, anonimamente, que há um esforço para enfatizar a responsabilidade social como forma de “equilibrar” o tema dos direitos humanos. Apesar da imagem negativa da China quanto aos direitos humanos, essas empresas olham o mercado chinês como prioritário e não querem que o público chinês os veja como traidores. O McDonald´s passou a abrir 24 horas suas lanchonetes em Pequim; a Adidas recolheu uma linha de produtos onde seu logo aparecia dentro da estrela maior da bandeira chinesa, após uma enquete no maior portal chinês; a Coca-cola desenvolve programa de preservação do rio Yangtsé; a Johnson & Johnson anuncia conselhos de saúde e higiene no país. Ainda assim os executivos da Coca-Cola foram chamados de covardes pela atriz Mia Farrow – ativista pelos refugiados de Dafur - por estes se negarem a fazer comentários políticos sobre a China, deixando bem claro que vender água doce é mais importante que salvar vidas.

ANÁLISE CRÍTICA
Muitos podem estar se perguntando o que esta matéria tem a ver com responsabilidade social. Quando um povo é oprimido por seus próprios governantes, ou quando estes rechaçam com violência protestos numa região autônoma vizinha ou, ainda, alia-se a responsáveis por genocídio, este governo não estaria sendo irresponsavelmente social? Será que censura, repressão e massacres de seres humanos se identificam com o lema das Olimpíadas – UNIÃO DOS POVOS – ou o fazem parecer mera ilusão? Não podemos esperar atitudes diferentes das acontecidas durante a trajetória da Tocha Olímpica. Embora encontremos posições divergentes como no caso dos Repórteres Sem Fronteiras(RSF), da Liga dos Direitos Humanos(LDH) e do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos(MRPA), é inaceitável a posição do governo chinês ao retrucar que o Comitê Olímpico Internacional(COI) não deveria misturar esporte com “assuntos políticos” IRRELEVANTES. A vida humana tornou-se sem valor frente a interesses políticos e financeiros de patrocinadores que se recusam a tomar uma posição para não perder o “mercado chinês” e passam a enfatizar a responsabilidade social com uma ajuda aqui e outra ali, como forma de protegerem suas imagens.

Fontes: http://olimpiadas.uol.com.br/ultimas/2008/04/10/ult5584u1124.jhtm