segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Preocupação não é com ações de responsabilidade

Gazeta Mercantil - Valéria Serpa Leite
29 de setembro de 2008

O consumidor ainda está desatento quantoàa responsabilidade empresarial dos fabricantes dos produtos que consomem. Pesquisa mostra que 67% das pessoas das diversas classes e faixa etária entre 14 e 65 anos não prestam atenção às empresas relacionadas aos produtos que consomem. Ressalta que, na classe D, 80% não se preocupa com esse tema. Se o consumidor soubesse que o produto consumido está ligado a uma empresa com programas de responsabilidade social e ambiental esse número cairia para 37%. A maior surpresa está nos 29% das pessoas entre 51 e 65 anos que se preocupam em comprar produtos de empresas com ações sócio-ambientais, contra 11% dos adolescentes. No princípio as empresas cumpriam exigências legais, depois passaram a fazer filantropia, agora estão entendendo que se trata de uma necessidade – o valor delas passa a ser medido, também, pela origem de seu produtos.
ANÁLISE CRÍTICA
Atender bem o consumidor passa a ser requisito.Ouvir, identificar a solução, implementar o mais rápido possível, e isso tudo com qualidade.A partir da conscientização das pessoas a Responsabilidade Social Empresarial caminhará a passos mais largos. Não está mais importando o que as empresas falam de si mesmas e sim o que falam delas. Sem esquecer da responsabilidade refletida em ações sociais, nas quais 67% dos entrevistados, em outra pesquisa, focam suas expectativas.Premiar e punir – infelizmente o Brasil apresenta o menor grau de mobilização nesse sentido.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

GOMES, Adriano, MORETTI, Sérgio. A Responsabilidade e o Social – Uma discussão sobre o papel das empresas. Editora Saraiva, 1968.
Capítulo 2

Goethe previu, dois séculos atrás, os problemas atuais, na figura de um herói trágico imbuído de grandes projetos, que pretendia moldar a sociedade à sua imagem. Necessitou retirar a casa de um casal de velhinhos para um novo empreendimento - a vontade individual não podia impedir o interesse do progresso. Sua ordem foi cumprida.. Queimaram a casa, porém o casal não consegue sair a tempo e morre queimado. Na troca de acusações o herói culpa o executor da ordem pela tragédia e este se vai rindo, ciente que a "tentação do progresso" tinha um preço a pagar.
Gomes e Moretti fazem um paradoxo da noção clássica de progresso e o capitalismo pautado na construção e trabalho desenfreado. Esta glória chamada progresso convive com o fracasso na resolução de problemas cruciais para a vida humana – fome, pobreza, guerra, exploração. Tem-se uma visão arrogante do mundo, centrada na onipotência e soberba em relação ao restante da natureza. O homem destruidor dos seres chegou ao século XXI. Não somos inocentes, nem esclarecidos o suficiente. Necessitamos rever conceitos, diretrizes, objetivos. O conformismo e a apatia nos tornam infinitamente pequenos. Nosso "olhar" deveria ser mais humano e menos economicista. A ética deveria ser praticada. O progresso separou a sociedade da economia e esta deixou de servir plenamente aquela. Necessitamos encontrar soluções para as angústias individuais e coletivas. "Perda do encanto" é um termo forte usado pelos autores e expressa bem os sentimentos dos desassistidos.
A "sociedade do espetáculo" também é uma realidade. O mundo está a serviço de grupos dominantes, controlado através da mídia por poucas corporações, sem espaço para respostas, alienando as massas. Tecnociência e economia – teorias autoritárias e modelos de gestão hierarquizados. – fontes de mando e poder.
O Relatório Lugano, o Relatório Bruntdland, a Agenda 21, o Pacto Global, a Carta da Terra - iniciativas aperfeiçoadas com o passar do tempo, que apresentam uma visão abrangente a fim de equacionar os problemas complexos apresentados.
As organizações são o sistema social predominante e o foco dessas organizações deve incluir o ambiente em que está inserida, já que são afetadas por sua mudança. Os indivíduos estão em constante interação com essas organizações, seja no papel de usuário, comprador, funcionário, fornecedor, parceiro, etc. e podem influenciar as organizações. Esta é uma relação de mão-dupla. Um precisa do outro e, sendo assim, deve-se desenvolver princípios, valores e práticas que visam à sobrevivência. O impacto da globalização afetou a todos. Nasce uma nova consciência de que não é mais suficiente desenvolver produtos ou serviços de qualidade para se obter o reconhecimento social. A questão agora é a convivência entre a prática de mercado e responsabilidades sociais e ambientais.
Sociedade e empresa – diálogo permanente.

PALAVRAS-CHAVE:
Relatório; Agenda; Organizações; Progresso; Sociedade.