sábado, 12 de abril de 2008

Contra repercussão negativa, empresas adotam patrocínio social

Folhapress - Pequim (China)
Raul Juste Lopes

Raul Juste LopesDa FolhapressEm Pequim (China)
Gigantes como a Coca-cola, GE, Lenovo, McDonald´s, Microsoft, Visa, Adidas, Kodak, entre outros, gastaram milhões para patrocinarem a viagem ao mundo da tocha olímpica e os Jogos da Olimpíada em Pequim. Pressionados por ativistas pró-direitos humanos, patrocinadores - depois do “desastre” da volta ao mundo da tocha olímpica - tentam equilibrar a má propaganda que rodeia o evento com investimentos sociais. A Coca-cola anunciou que investirá na reconstrução das áreas destruídas no Sudão, além de liberar verbas para a Cruz Vermelha ajudar os refugiados de Darfur. A GE fez doações a instituições como a UNICEF e Care. Publicitários informaram, anonimamente, que há um esforço para enfatizar a responsabilidade social como forma de “equilibrar” o tema dos direitos humanos. Apesar da imagem negativa da China quanto aos direitos humanos, essas empresas olham o mercado chinês como prioritário e não querem que o público chinês os veja como traidores. O McDonald´s passou a abrir 24 horas suas lanchonetes em Pequim; a Adidas recolheu uma linha de produtos onde seu logo aparecia dentro da estrela maior da bandeira chinesa, após uma enquete no maior portal chinês; a Coca-cola desenvolve programa de preservação do rio Yangtsé; a Johnson & Johnson anuncia conselhos de saúde e higiene no país. Ainda assim os executivos da Coca-Cola foram chamados de covardes pela atriz Mia Farrow – ativista pelos refugiados de Dafur - por estes se negarem a fazer comentários políticos sobre a China, deixando bem claro que vender água doce é mais importante que salvar vidas.

ANÁLISE CRÍTICA
Muitos podem estar se perguntando o que esta matéria tem a ver com responsabilidade social. Quando um povo é oprimido por seus próprios governantes, ou quando estes rechaçam com violência protestos numa região autônoma vizinha ou, ainda, alia-se a responsáveis por genocídio, este governo não estaria sendo irresponsavelmente social? Será que censura, repressão e massacres de seres humanos se identificam com o lema das Olimpíadas – UNIÃO DOS POVOS – ou o fazem parecer mera ilusão? Não podemos esperar atitudes diferentes das acontecidas durante a trajetória da Tocha Olímpica. Embora encontremos posições divergentes como no caso dos Repórteres Sem Fronteiras(RSF), da Liga dos Direitos Humanos(LDH) e do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos(MRPA), é inaceitável a posição do governo chinês ao retrucar que o Comitê Olímpico Internacional(COI) não deveria misturar esporte com “assuntos políticos” IRRELEVANTES. A vida humana tornou-se sem valor frente a interesses políticos e financeiros de patrocinadores que se recusam a tomar uma posição para não perder o “mercado chinês” e passam a enfatizar a responsabilidade social com uma ajuda aqui e outra ali, como forma de protegerem suas imagens.

Fontes: http://olimpiadas.uol.com.br/ultimas/2008/04/10/ult5584u1124.jhtm

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