sexta-feira, 3 de outubro de 2008

GOMES, Adriano, MORETTI, Sérgio. A Responsabilidade e o Social – Uma discussão sobre o papel das empresas. Editora Saraiva, 1968.
Capítulo 2

Goethe previu, dois séculos atrás, os problemas atuais, na figura de um herói trágico imbuído de grandes projetos, que pretendia moldar a sociedade à sua imagem. Necessitou retirar a casa de um casal de velhinhos para um novo empreendimento - a vontade individual não podia impedir o interesse do progresso. Sua ordem foi cumprida.. Queimaram a casa, porém o casal não consegue sair a tempo e morre queimado. Na troca de acusações o herói culpa o executor da ordem pela tragédia e este se vai rindo, ciente que a "tentação do progresso" tinha um preço a pagar.
Gomes e Moretti fazem um paradoxo da noção clássica de progresso e o capitalismo pautado na construção e trabalho desenfreado. Esta glória chamada progresso convive com o fracasso na resolução de problemas cruciais para a vida humana – fome, pobreza, guerra, exploração. Tem-se uma visão arrogante do mundo, centrada na onipotência e soberba em relação ao restante da natureza. O homem destruidor dos seres chegou ao século XXI. Não somos inocentes, nem esclarecidos o suficiente. Necessitamos rever conceitos, diretrizes, objetivos. O conformismo e a apatia nos tornam infinitamente pequenos. Nosso "olhar" deveria ser mais humano e menos economicista. A ética deveria ser praticada. O progresso separou a sociedade da economia e esta deixou de servir plenamente aquela. Necessitamos encontrar soluções para as angústias individuais e coletivas. "Perda do encanto" é um termo forte usado pelos autores e expressa bem os sentimentos dos desassistidos.
A "sociedade do espetáculo" também é uma realidade. O mundo está a serviço de grupos dominantes, controlado através da mídia por poucas corporações, sem espaço para respostas, alienando as massas. Tecnociência e economia – teorias autoritárias e modelos de gestão hierarquizados. – fontes de mando e poder.
O Relatório Lugano, o Relatório Bruntdland, a Agenda 21, o Pacto Global, a Carta da Terra - iniciativas aperfeiçoadas com o passar do tempo, que apresentam uma visão abrangente a fim de equacionar os problemas complexos apresentados.
As organizações são o sistema social predominante e o foco dessas organizações deve incluir o ambiente em que está inserida, já que são afetadas por sua mudança. Os indivíduos estão em constante interação com essas organizações, seja no papel de usuário, comprador, funcionário, fornecedor, parceiro, etc. e podem influenciar as organizações. Esta é uma relação de mão-dupla. Um precisa do outro e, sendo assim, deve-se desenvolver princípios, valores e práticas que visam à sobrevivência. O impacto da globalização afetou a todos. Nasce uma nova consciência de que não é mais suficiente desenvolver produtos ou serviços de qualidade para se obter o reconhecimento social. A questão agora é a convivência entre a prática de mercado e responsabilidades sociais e ambientais.
Sociedade e empresa – diálogo permanente.

PALAVRAS-CHAVE:
Relatório; Agenda; Organizações; Progresso; Sociedade.